MAX 2025: “Minha primeira paixão foi o livro, a segunda, cinema. Literatura é a base do que faço”, diz Rodrigo Teixeira
Durante o painel “Best-seller e blockbuster – como identificar tendências literárias para o audiovisual”, realizado na 10ª edição da MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo, o produtor Rodrigo Teixeira, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional com “Ainda Estou Aqui” e responsável por sucessos como “Me Chame Pelo Seu Nome”, “O Farol” e “Ad Astra”, fez uma análise sobre o mercado audiovisual brasileiro, o papel das adaptações literárias e os desafios enfrentados por roteiristas e produtores no país.
Teixeira reflete sobre a dificuldade de produção no Brasil e a precarização do trabalho dos roteiristas. Segundo ele, a má remuneração e a sobrecarga de projetos afetam diretamente a qualidade dos roteiros. “O roteirista é mal pago no Brasil. Ele acaba fazendo quatro projetos ao mesmo tempo e não consegue se dedicar a nenhum com profundidade”, afirma.
Ele também destaca que tem buscado alternativas fora do país para garantir melhor qualidade nos roteiros. “Comecei a contratar roteiristas na América Latina e até na França. Pago menos do que pagaria no Brasil e recebo roteiros melhores. O problema não é talento, é foco e condições de trabalho”, disse. Ainda de acordo com Teixeira, a estagnação recente do setor audiovisual no país também é um grande desafio. “Há milhares de projetos parados, e a falta de dinheiro afeta toda a cadeia produtiva”, observa.
Literatura como porta de entrada e modelo de negócio
A entrada de Rodrigo Teixeira para o cinema se deu pela literatura. “Eu comprava os direitos dos livros porque não tinha acesso ao mercado. Ter os direitos era a minha forma de estar dentro das negociações”, explica. Ele também revela que investiu na produtora por necessidade, depois que outras empresas passaram a se apropriar de seus projetos. “Não desejei isso, mas era a única forma de ter autonomia sobre os projetos que eu desenvolvia”, diz.
O produtor ainda conta que para manter essa autonomia, deixa claro para os autores das obras originais que a adaptação cinematográfica é uma nova criação. “Quando o livro vai para a mão do roteirista ou do diretor, vira um novo produto. Por isso, a proteção contratual é essencial, e cada um tem o seu papel nesse processo”, destaca. Apesar dos desafios, já são cerca de 25 anos de carreira e 67 filmes produzidos. “Minha primeira paixão foi o livro, a segunda, o cinema. Ler sempre foi o que me salvou pessoal e profissionalmente. A literatura continua sendo a base de tudo o que faço”, conclui.
Reconhecido por transformar livros em grandes produções, ele conta que seu processo de escolha de obras é intuitivo e pessoal. “Tem livros ruins que viram excelentes filmes. O que me guia é o que sinto quando leio. Se eu pagaria um ingresso para ver aquela história no cinema, então vale a pena investir cinco anos da minha vida nela”, afirma.
E listas de mais vendidos não atraem o produtor, que prefere descobrir obras esquecidas. “Eu não vou em lista de best-sellers. Gosto de encontrar livros escondidos, que ninguém está disputando. Às vezes, um título esquecido numa prateleira é a próxima grande história”, conta. Ele também aconselha quem está começando no audiovisual a trabalhar dentro das próprias possibilidades. “Adapte algo que você tenha capacidade de realizar. Comece pequeno, pois se tentar algo grande demais, vai se frustrar. Mostre competência antes de buscar parceiros maiores”, recomenda.
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Aline Reis (Stark)
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