Humanidade: o novo KPI de sempre

A palestra “2030 Forecast: 7 Realities Marketers Aren’t Ready For”, apresentada no Web Summit Lisboa por Gregory Brooks, partner na SearchTides, onde ajuda marcas a serem vistas e recomendadas por sistemas de IA, trouxe um conjunto de provocações que ultrapassam o marketing. Brooks estuda como consciência e tecnologia evoluem juntas — e como esse encontro define um futuro mais humano, não apesar da tecnologia, mas por causa dela.

O marketing, que por décadas se alimentou da persuasão, entra agora em uma fase mais sofisticada: a da relevância sustentada.

A primeira realidade é clara: o produto que vendemos não é o que fazemos, mas a mudança que provocamos na vida de alguém. O valor deslocou-se da função para a transformação. As pessoas não compram mais o que usamos para descrever produtos — compram o que acreditam que podem se tornar por meio deles.

Daí a segunda provocação: por que a sua empresa merece existir além do lucro? Essa pergunta, cada vez mais objetiva, separa negócios sólidos de negócios vazios. Propósito, aqui, não é retórica: é a espinha dorsal da legitimidade.

A terceira realidade aponta um novo tipo de comportamento: as pessoas comprarão com base no que está alinhado com quem estão se tornando. O marketing de reação cede espaço ao marketing de antecipação. Entender identidades em formação passa a ser mais estratégico do que medir cliques.

Mesmo num mundo dominado pela inteligência artificial, o suporte humano a humano será a nova economia. Em meio à automação, o toque humano não desaparece — ele se valoriza. Empatia, escuta e presença passam a ser parte do ROI emocional que diferencia marcas de máquinas.

Mas essa consciência traz um custo. Os consumidores agora veem tudo — e sentem quando algo está errado. Transparência não é um valor, é infraestrutura. E incoerência custa caro. O marketing deixa de ser o verniz da verdade e passa a ser seu sistema operacional.

Quando tudo se torna replicável — tecnologia, produto, experiência — integridade e significado viram o último diferencial real. No futuro, as marcas não disputarão atenção, mas confiança.

A sétima realidade completa o quadro: os profissionais de marketing precisarão operar na fronteira entre tecnologia e humanidade. Não como intérpretes do desejo, mas como arquitetos de confiança, conectando o que é mensurável com o que é memorável.

No fundo, há uma ironia fascinante nesse processo. Quanto mais a tecnologia evolui, mais valor atribuímos ao que é humano. Cada avanço digital reforça a importância da ética, da sensibilidade e da coerência.

O mesmo vale para as marcas. Quanto mais algoritmos definem nossas interações, mais os gestos simples e genuínos definem nossa percepção sobre elas. A inteligência das máquinas cresce rápido — mas a das relações precisa crescer junto, com a mesma precisão e propósito.

A nova fronteira do marketing não está em coletar dados, e sim em compreender o que eles revelam sobre a condição humana. Porque, no fim das contas, é sempre o humano que dá significado ao código — e não o contrário

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